E eu
aprendi que ser grato é, em primeiro lugar, ser leal. É não esquecer quem nos
ajuda; é saber dizer obrigado por palavras e gestos. Para mim faz todo o
sentido dizer que a gratidão é a memória do coração, porque afinal só o coração
guarda o que é muito importante: guarda as palavras amigas que nos salvaram num
momento de angústia; guarda os gestos de amizade que nos ajudaram a atravessar
uma crise ou a vencer um obstáculo; guarda o tempo que alguém nos deu do seu
tempo. Memoriza as batalhas que outras almas travaram por nós… Assim,
quando somos atingidos pela ingratidão, somos duplamente magoados: primeiro
porque não estávamos «à defesa» e o golpe nos apunhala em cheio, onde somos
mais vulneráveis – nos nossos sentimentos. Segundo, porque nesses momentos nem
a ira nos pode ajudar. A ingratidão não provoca raiva, mas desgosto. Uma
sensação indefinida de vergonha e de incompreensão total. A nossa confiança é
abalada. Os nossos valores postos em causa. Ficamos vazios, aturdidos e
estúpidos. Não queremos sequer acreditar no que nos fizeram. Procuramos
desesperadamente justificações e sentimos uma dor fininha dentro do peito que o
aperta muito, muito. Depois chega a terrível compreensão. Percebemos que não
há, afinal, nenhum mal-entendido. Que aquela pessoa por quem muitas vezes demos
a cara o tempo e pedaços de vida, nos deu, de fato, uma patada e continua a
viver tranquilamente, alheia ( ou talvez não…) aos estragos que causou.
" A INGRATIDÃO ME FERIU MUITO"
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